Ofício de Domador
Bugre do Carró
Quando um crinudo se ergue querendo me botar fora
Parece que ouço um sino retinflando das esporas
Deixo um beiçudo veiaco
Ardido que nem pimenta
Soltando um trovão do bucho e um temporal pelas ventas
Depois dos quatro galope
Dou uma quebrada de baixo
Enfreno na Lua nova
Só pra mamar que nem guacho
Todo cavalo que eu domo
Fica igual seio de China
Quando não tá lado a lado
Tá com meu peso por cima
'Meto uma rendilha curta pra não ser escarceador
Depois amostro o guiso do laço
No estalo do arreador
Boto a cincha no rodeio
Pra mode não se alcançar
Ensino uns passo de tango pra quando eu saí passear
Invento um nome pro maula se acostumar com a minha mão
Dou uma amansada de soga e de maneia nos garrão
Ensino a pechar de encontro e dobrar zebú no banhado
Cinchar solito no laço enquanto eu curo um abichado
Entro a cavalo no rancho
Faço dançar num tambor
Tiro o sexto do estampido e dos flecos do tirador
Depois de ensinar de tudo
Dá pra entregar pro patrão
Pronto pra brigar de faca e entrar a cavalo em bailão
Pra laçar de todo laço e deixar que cerre a ilhapa
Dá de rédea para a esquerda e ver o bicho fura o mapa
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