Sonetos P629 - Raimundo Correia (Espírito)
Maurício Gringo
Tudo passa no mundo. O homem passa
Atrás dos anos sem compreendê-los
O tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos
À frouxa luz de uma ventura escassa
Sob o infortúnio, sob os atropelos
Da dor que lhe envenena o sonho e a graça
Rasga-se a fantasia que o enlaça
E vê morrer seus ideais mais belos!
Longe, porém, das ilusões desfeitas
Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas
Depois do pesadelo das mãos frias
E como o anjinho débil que renasce
Chora, chora e sorri, qual se encontrasse
A luz primeira dos primeiros dias
Ah! Se a Terra tivesse o amor, se cada
Homem pensasse no tormento alheio
Se tudo fosse amor, se cada seio
De mãe nutrisse os órfãos
Se na estrada
Do contraste e da dor houvesse o anseio
Do bem, que ampara a vida torturada
Que jamais viu um raio de alvorada
Dentro da noite eterna que lhe veio
Do sofrimento que ninguém conhece
Ah! Se os homens se amassem nessa estância
A dor então desapareceria
A existência seria a ardente prece
Erguida a Deus do seio da abundância
Entre os hinos da paz e da alegria
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